Turismo - Laínte da Casconha

Recriação de uma Feira
Recriação de uma Feira 
Recriação de uma Feira
Recriação de uma Feira 
Interior de uma fábrica de Lanifícios
Interior de uma fábrica de Lanifícios 
Fábrica dos Esconhais
Fábrica dos Esconhais 
Ribeira de Pera
Ribeira de Pera 

Áques larfamos Laínte” – Aqui falamos Laínte

No século XIX, o espírito inventivo dos Castanheirenses levou à criação do Laínte da Casconha. Laínte é uma modificação da palavra latim. Falar latim significa, em linguagem coloquial, “expressar-se de um modo que ninguém entende” – tem este significado devido ao latim em que eram, antigamente, celebradas as missas e que ninguém entendia. Assim, Laínte significa linguagem que só os iniciados entendem e Casconha uma palavra inventada que significa Castanheira de Pera.

O Laínte tem por base a língua portuguesa, utilizando as mesmas regras gramaticais (tempos verbais, substantivos, …). Os vocábulos são, na sua maioria, formados a partir da transformação das palavras em português.

Trata-se de uma linguagem exclusivamente oral que era utilizada pelos vendedores ambulantes de tecidos de Castanheira de Pera.

Esta linguagem terá surgido aquando da expansão das indústrias de lanifícios, cujos tecidos aí fabricados era necessário vender fora da região.

Homens de trouxas às costas, de burro ou de mula, percorriam o país vendendo os tecidos oriundos das indústrias de Castanheira de Pera.

Esta situação de “andarilhos solitários” incutia-lhes um espírito de entreajuda e solidariedade. Mas também a necessidade de estarem em permanente alerta, devido à cobiça suscitada pelos tecidos que tinham para vender, assim como pelo dinheiro que transportavam, fruto da venda dos mesmos, obrigava-os a adoptar atitudes defensivas.
É neste contexto de entreajuda e necessidade de defesa que surge o Laínte.

Esta linguagem permitia, assim, aos vendedores comunicar entre si sem que os clientes entendessem e, em caso de assalto, combinar uma estratégia para se defenderem. Em meados do séc. XX, devido às alterações da forma de comercializar os tecidos (confecções, …), os vendedores deixam de andar de terra em terra e fixam-se.

Com esta fixação do comércio, deixa de haver necessidade de uma autodefesa e de um espírito de entreajuda e, como tal, também de uma linguagem própria – o Laínte – começa, assim, a deixar de ser falado.

Os últimos vendedores ambulantes, que sabiam falar Laínte, foram: o Sr. Valdemar Rosinha, o Sr. José da Silva Mendes e o Sr. Virgílio.

Actualmente, o Sr. Domingos Alves é a única pessoa que ainda sabe falar laínte.

Este castanheirense dedicou-se ao estudo desta linguagem, realizando um trabalho de recolha junto de antigos vendedores ambulantes e seus familiares. Esta recolha, efectuada ao longo de muitos anos, irá culminar com a publicação de um livro, que ainda se encontra em fase de elaboração. Para além do trabalho de recolha, o Sr. Domingos também procede à divulgação do laínte.

Dicionário
 
Laínte Português
Alcatrefo Alfaiate
Alçomo Almoço
Almodovo Algodão
Artife Pão
Batora Barato
Broca Casa
Caloio Caloteiro
Carmar Comprar
Coideia Bêbado
Dronha Dinheiro
Garpar Pagar
Ladrilho Ladrão
Larfar Falar
Loreta Água
Maneza Mulher
Monas Batatas
Nampo Pano
Obridoga Obrigado
Paontra Patrão
Pedêça Peça
Pissalta Rapariga
Razopa Rapaz
Rodélos Tostões
Verdunhar Vender


Pequeno Diálogo em Laínte:

  • Choina codêpia, hoidêje a rêfa verse cópia.
  • Insara amidêgo, o cames verdunhou timum de faiarra.
  • Taêmes o cames, jordamos atilém ao cadéfe bercher um moiteira copio?
  • Insara, o cames taêmes jorda carmar cidorras pra cachinar.

Tradução em Português:

  • Boa noite, hoje a feira foi boa.
  • É verdade amigo, eu vendi muita fazenda.
  • Também eu, vamos além ao café beber um copo de vinho?
  • Sim, eu também vou comprar cigarros para fumar.

Elaborado por: Carla Caetano e Sónia Cardoso