Presidentes - Virgílio Tomaz Henriques

19.º Presidente – 07/1974 a 03/1975

Foi o primeiro presidente após o 25 de Abril, no pe ríodo de transição. Filho de José Tomaz Henriques, industrial da Várzea , e de D. Maria Preciosa Tomaz, conhecidos pela sua firmeza de carácter e sentido solidário, nasceu em Castanheira de Pera em 17 de Maio de 1926, segundo registos oficiais.
Concluído o curso liceal em Coimbra, licenciou-se n a Universidade de Verviers, Bélgica, em engenharia têxtil.
Cedo se ligou à fábrica de seus pais, na Várzea, de que se desligou, fundando, em 1972, a primeira fábrica de penteação do concelho.
Esteve ligado a diversas associações do concelho, desempenhando cargos directivos, no Sport (presidente da Assembleia-geral), Misericórdi a (Provedor), Grémio dos Industriais (Presidente), Externato S. Domingos (Presidente), etc.
Foi membro da comissão de apoio à candidatura do General Humberto Delgado.
Nas comemorações nacionais do 40.° aniversário do evento, foi agraciado pela Câmara Municipal com a medalha de cidadão de mérito.
O 25 de Abril foi saudado em Castanheira, como em todo o País, com manifestações de júbilo.
Foi o Sindicato de Lanifícios que liderou os acontecimentos e primeiro saudou, em comunicado público, o evento histórico.
Em palavras entusiásticas, o sindicato saudou o MFA (Movimento das Forças Armadas) e o Povo, lembrando que, a despeito de todas as razões de queixa do operariado, não era a hora própria para vinganças.
Estas palavras ditas no momento exacto, apelando para a calma do operariado, evitaram excessos de algumas mais radicais e tiveram repercussões futuras no comportamento de todo o processo político local caracterizado por ausência de violências ou perseguições.
Foram os dirigentes sindicais que, liderando a transição, convocaram o 1.° de Maio, que constituiu uma manifestação de alegria, de unidade e de espírito anti-fascista.
Os manifestantes percorreram a vila em desfile entusiástico em que a palavra de ordem mais gritada era a de Pablo Neruda, do Chile de Allende “o povo unido jamais será vencido”.
Vários cartazes eram empunhados pelos manifestantes, correspondendo a reivindicações populares.
Urgia, porém, promover a substituição da Câmara, não tanto porque nela existisse resistência anti 25 de Abril, mas para evitar algum acto isolado de ocupação cujos rumores iam chegando e cuja prática foi vulgar por esse país fora.
A Comissão Administrativa que tomou posse, em 9 de Julho de 1974, foi a seguinte:

  • Presidente – Eng.º Virgílio Tomaz Henriques – pelo MDP/CDE.
  • Vice-Presidente – Luís Kalidás Barreto – pelo MDP/CDE.
  • Vogal – Júlio Piedade Nunes Henriques – pelo MDP/CDE.
  • Vogal – Fernando Ascensão Job – pelo PS.
  • Vogal – Belarmino Henriques Correia – pelo PPD.

Até à posse da Comissão Administrativa, assumiu interinamente a Presidência da Câmara, Abílio Rodrigues Lopes de Carvalho e em 17 de Junho fez emitir um comunicado em que, homenageando a figura do Presidente cessante, deu conta dos 2 projectos em curso no plano camarário, exortou a população a colaborar com a nova Câmara, louvou as Juntas de Freguesia e saudou as Forças Armadas e a Junta de Salvação Nacional.
A nova Câmara empenhou-se de imediato num trabalho de levantamento das necessidades das povoações e nesse sentido promoveu plenários nas aldeias para eleição de Comissões de Moradores.
Estes cidadãos colaboraram activamente com a autarquia, fazendo um levantamento completo dos anseios de cad a aldeia, em documento designado por "Cadernos Reivindicativos".
Estas Comissões de Aldeia, uma para cada aldeia, colaboraram na abertura dos melhoramentos de minas, condutas de abastecimento d e água, abertura de caminhos, além de terem montado um sistema de vigilância à floresta, na prevenção e combate de incêndios.
Ainda, em 1974, a Comissão Administrativa da Câmara avistou-se em Coimbra com o Dr. Bissaya Barreto a fim de promover a reabertura da Casa da Criança, entretanto encerrada, aquando da saída das Irmãs de Caridade a li sediadas.
Em 4 de Outubro de 1974, foi inaugurado finalmente o edifício dos CTT, aspiração antiga por que muito se bateram as Câmaras da Presidência do Dr. Marreca e José Francisco Diniz.