Presidentes - Manuel Alves Ceppas

8.º Presidente – 11/1926 a 02/1930 15.º Presidente – 01/1938 a 02/1947

Manuel Alves Ceppas era filho de um dos grandes construtores do concelho, Manuel Antunes Ceppas, cidadão interessado cuja conduta ética e cívica foi reconhecida por todos, e irmão dos ilustres castanheirenses António, Franklim e João que se radicaram no Brasil e onde foram importantes industriais.
Foi provedor da Misericórdia e benemérito, tendo si do várias vezes Administrador do Concelho.
Na sequência do golpe militar de 28 de Maio e da dissolução dos órgãos municipais, Manuel Alves Ceppas foi nomeado Presidente da Comissão Administrativa da Câmara, de 25 de Novembro de 1926 a 13 de Fevereiro de 1930.
Já antes havia sido membro de uma Comissão Administrativa nomeada por diploma de Abril de 1915, após o período denominado "ditadura de Pimenta de Castro” e que teve efémera duração.
A 15 de Julho, o Tenente António Gomes da Cruz oficiou ao presidente da Câmara de Castanheira comunicando que tinham sido dissolvidos todos os corpos administrativos e que lhe tinha de ser entregue tudo o que pertencia ao Município.
Na mesma data, foi empossada uma Comissão Administrativa composta por José Fernandes de Carvalho, Casimiro Correia e Manuel Alves Ceppas.
O tenente administrador deu ordem de prisão a Joaquim Fernandes Dias na sua qualidade de Presidente da Comissão Executiva da Câmara do Partido Democrático por não ter acatado o decreto 11875 e se ter negado a entregar os haveres do Município que tinha à sua guarda.
Com eles foram detidos Manuel Fernandes Soares e José Alves Miranda, secretário e tesoureiro do Partido.
Em 26 de Novembro de 1926, tomou posse a nova Comissão Administrativa da Câmara Municipal presidida por Manuel Alves Ceppas e composta por Casimiro Correia, António Matos Serrano e Joaquim Ferreira.
Esta Comissão Administrativa manteve-se em funções até Fevereiro de 1930.
Autoritariamente assumiu a administração do concelho em 14 de Fevereiro de 1927, o Tenente da infantaria 7, Francisco Boaventura Militão, a fim de fazer um inquérito sobre os acontecimentos revolucionários neste concelho.
As diligências do tenente Boaventura Militão desenvolveram-se e, logo no dia seguinte à sua chegada, recebeu por intermédio do chefe dos correios dois documentos: um com a relação dos sócios do Centro Democrático União Coentralense e outro com a relação dos fundadores do mesmo Centro.
Este Centro, onde funcionava uma escola do sexo feminino desde 1913, era de concepção republicana, onde logicamente era difundido o respectivo ideário.
A grande ligação deste Centro à colónia Coentralense residente em Lisboa podia ter alguma coisa a ver com as movimentações revolucionárias de 7 de Fevereiro de 1927 e daí as imediatas represálias.
Em 11 de Abril de 1927, sob acusações de fazer política contrária ao regime imposto pelo 28 de Maio de 1926, foi mandado encerrar.
Só que os sinos tocaram a rebate e as mulheres saíram à rua para impedir, enquanto iam ch amar os homens que estavam no trabalho.
Todavia em Setembro de 1928, uma força da GNR, arma da, equipada e segundo consta com "ordem para matar", compareceu no Coentral.
O último presidente do Centro foi Domingos Manuel M achado, generoso coentralense.
A última professora foi Maria do Socorro Bártolo qu e foi demitida e só o 25 de Abril a reabilitaria.
Entretanto, havia chegado ao fim o zelo policial do Tenente Boaventura Militão e, em 16 de Março de 1927, comunicou ao Governador Civil de Leiria que lhe ia expor verbalmente o resultado do inquérito em que ouvira 76 pessoas “mais trinta e três das que estavam previstas”.
Em Agosto de 1927, a Castanheira perdeu um dos seus filhos mais prestimosos.
Minado pela doença e pelos acontecimentos políticos que já não podia controlar, ferido no âmago dos seus ideais democráticos morria o Dr.Eduardo Pereira da Silva Correia.
A Castanheira já não era a pequenina república com que sonhara e "onde não havia mais lugar a opressores e oprimidos".
Em 3 de Outubro de 1928, Castanheira foi visitada p elo ex-Presidente do Brasil, Dr. Artur Silva Bernardes, então senador do Estado de Minas Gerais, sendo alvo de grandes homenagens.
Artur Bernardes tinha vindo em romagem de saudade ao Fontão, aldeia onde tinha nascido seu pai.
A Câmara de então deliberou chamar António Silva Bernardes, nome do pai do estadista, à rua que parte da Praça em direcção ao Fontão - Rua Silva Bernardes.
Em 27 de Agosto de 1929, foi inaugurada a Estrada d a Serra, fruto de uma união de esforços entre Castanheira de Pera e a Lousã .
No período de 3 de Janeiro de 1938 a 14 de Fevereiro de 1947, Manuel Alves Ceppas já era um homem completamente integrado no regime designado de Estado Novo, muito respeitado no Concelho pelas suas qualidades humana s e pela capacidade industrial que demonstrou na fábrica Ceppas, dos Esconhais de Cima.
Foi no período complicado da 2.ª Guerra Mundial que teve de gerir a Câmara com a fiscalização da Federação Nacional dos Industriais de Lanifícios (FNIL), com o racionamento alimentar da população e com variadíssimos problemas económicos que o país atravessou.
Em algumas tarefas teve a hábil asessoria de Eduardo Silva.