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Data da notícia: 6 Abril 2024

Comemorações dos 50 anos do Abril já feito. E outras aspirações do Abril ainda por fazer…

Mais do que a celebração de uma data, o 25 de Abril marcou a constituição de uma nova era política, social, económica e cultural na história do nosso país. Inquestionavelmente, a Revolução de Abril firmou as bases das liberdades e garantias inalienáveis do Estado de Direito Democrático.

Positivamente, as massas operárias e os segmentos menos favorecidos da sociedade puderam aspirar à melhoria das condições gerais de vida, em função do incremento do poder de compra e do rendimento disponível e do acesso à saúde, à educação e a uma habitação condigna. Direitos que hoje tomamos como adquiridos representaram grandes conquistas no passado, como sejam o descanso suplementar semanal, a generalização do gozo de férias remuneradas e do décimo terceiro salário, e as liberdade de expressão, sem censura, e de participação ou associação em organizações políticas, sem repressão. 
Percebendo a Democracia “como uma prática e não uma realidade garantida”, nas contas do livro de deve e haver, muito devemos ao legado de um cravo na lapela dos capitães da Abril; e, muitas serão as aspirações de outros Portugais sonhados e imaginados ainda por haver... 
Para não esquecer o “Abril já feito” e o “ainda por fazer”, recordemos o poema de Manuel Alegre: 

Abril de sim, Abril de Não 
Eu vi Abril por fora e Abril por dentro 
vi o Abril que foi e Abril de agora 
eu vi Abril em festa e Abril lamento 
Abril como quem ri como quem chora. 
Eu vi chorar Abril e Abril partir 
vi o Abril de sim e Abril de não 
Abril que já não é Abril por vir 
e como tudo o mais contradição. 
Vi o Abril que ganha e Abril que perde 
Abril que foi Abril e o que não foi 
eu vi Abril de ser e de não ser. 
Abril de Abril vestido (Abril tão verde) 
Abril de Abril despido (Abril que dói) 
Abril já feito. E ainda por fazer.